Quando cheguei no Brasil em 1976, formado em arquitetura e marketing, logo me vi envolvido com o mercado de varejo.
Havia naquele tempo, menos concorrência, pouca diversificação de produtos, um sofrível atendimento e uma precária organização em qualquer aspecto da loja. Mesmo com uma inflação galopante, se vendia tudo e as mercadorias em estoque eram ajustadas regularmente e a bel prazer.
Ganhava-se um bom dinheiro. Que saudades!
Depois vi nascer timidamente algumas lojas maiores, chamadas de home centers, lojas gigantes que logo eram condenadas por muitos lojistas a sobreviver por pouco tempo. Previa que isso era uma tendência consolidada e que em breve todas as lojas de varejo precisariam mudar sua forma de atendimento, seus controles e principalmente sua apresentação de seus produtos. Alertava aos lojistas que suas mercadorias teriam que ser apresentadas em gôndolas, do tipo supermercado dentro de um sistema que se chamava de autoservice. Poucos acreditavam, mas, os tempos mostraram que eu havia acertado.
Os lojistas começaram a sentir uma concorrência competente!
Principalmente nos grandes centros urbanos. Atualmente, todos estabelecimentos de varejo de sucesso apresentam seus produtos em gôndolas. Primam pelo atendimento através de um autosserviço assistido, e fazem uso de tecnologias disponíveis de controle e organização. Assim, a evolução do varejo avançou lentamente, até que o fator pandemia da Covid 19 mudou tudo e de forma muito rápida para os padrões brasileiros. Em desespero, o mercado varejista buscou soluções e alternativas para os prolongados lockdowns e distanciamentos sociais, tentando sobreviver a qualquer custo. As estrelas da vez eram as redes sociais que pareciam a solução imediata e definitiva. Números grandiosos mostraram a grande expansão das vendas on-line do varejo.
Quase sempre apresentando números gerais, englobando o varejo como um todo!
O que é uma visão distorcida e enganosa. A venda de diversos produtos por si só, antes da pandemia, já estava migrando para as vendas on-line. Como os produtos eletrônicos, ferramentas, livros, roupas e calçados, para mencionar alguns. A pandemia apenas acelerou esse processo. Mas as lojas de piscinas e afins, além de terem sido um dos segmentos menos afetado pela pandemia, sempre tiveram seu lugar, firme e forte, entre as lojas de rua. Sofreu, mas muito mais pelas suas cadeias de produção desajustadas e falta de matérias primas para a fabricação de determinados produtos. Portanto, não que não houvesse venda. Não havia preço e nem produto para vender.
Pois a procura por produtos nas lojas físicas de piscinas e afins continua alto, mesmo durante a pandemia.
Pois não é à toa que, atualmente, a Amazon, gigante de vendas on-line, está investindo pesadamente na sua rede de lojas físicas com a Amazon go, lojas de conveniências, voltadas para alimentação e a Amazon 4 stars. Onde podem ser encontrados fisicamente os produtos mais pesquisados nas suas redes os quais não se converteram em vendas. Veja o que descobriram! Descobriram que a loja física ainda é muito importante na cadeia de vendas. Mas vale também ressaltar que tanto uma loja física como a loja virtual teriam que ser respaldadas numa organização primorosa. As margens atuais não permitem mais desmandos, desperdícios ou desvios. E foi justamente esse gargalo que encontrei na maioria das lojas ao longo dos quarenta anos que atua na área de varejo. Principalmente as lojas de médio e pequeno porte. Uma tendência forte.
Estou apenas avisando!
Johan Tigges
Consultor de varejo
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